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Toda mudança é um exercício de humildade e paciência

Conhecer e compreender todos os instrumentos que auxiliam na mudança pode ajudar bastante, porém, eles são só ferramentas do processo de mudança/evolução

Periodicamente, preferencialmente após uma daquelas semanas cheias de trabalho, daquelas que a gente vira madrugadas para concluir um trabalho (e fazemos isso com gosto), costumo aproveitar o momento que meu cérebro está aquecido para relembrar todos os projetos que executei. Releio lições aprendidas que registrei, reflito sobre elas e faço anotações. Elenco pelo menos um tema a ser relacionado com a literatura, para evidenciar ao meu lado pragmático que o que ali está escrito não é só invenção teórica, uma pesquisa que ainda não tenha se tornado realidade, um artigo “inédito”, ou a tentativa de alguém conquistar autoridade empacotando fórmulas mágicas ou reeditando conhecimentos universais.

Certa vez, escolhi o tema: Dificuldade de promover e gerenciar mudanças na carreira e dentro das organizações.Meu processo para rever minhas lições aprendidas e obter novos “insights” é simples:

1) Refletir um pouco, anotar 5 ou 6 palavras chave,
2) Relaxar tomando um chá, lendo um livro, conversando com alguém bom de conversa, ouvindo uma música, qualquer coisa que mantenha aquecido tanto o lado emocional quanto o racional do meu cérebro….
3) Ao acordar, construir uma frase que represente bem as conclusões obtidas.
4) Se possível, observar durante um mês a conclusão obtida – na prática – em meus projetos.

Isso garante que eu mantenha sempre o meu conhecimento teórico atualizado sem perder o foco na sua praticidade e nas suas aplicações do dia-a-dia.

Filho de dois educadores, aprendi desde cedo que o ensino – a aprendizagem – é um processo dinâmico, social e dialético. Em outra reflexão que realizei, constatei que a teoria e a prática, aliadas ao espírito crítico e à busca tempestiva da verdade, são requisitos básicos para a sobrevivência profissional nos dias atuais.

Desta vez, a frase que veio ao final do processo foi: “Toda mudança é um exercício de humildade e paciência. Este é o motivo pelo qual organizações e pessoas ágeis e poderosas têm dificuldade de mudar.”

Escrevi a frase nas minhas redes sociais, esperando obter insights de outras pessoas que inspirassem ainda mais reflexão. Depois de um tempo, seguindo o meu processo, voltei ao assunto para refletir em detalhes sobre ela.

Muito se fala sobre mudanças e inovações como componentes estratégicos nas organizações, mas pouco se pratica isso nos seus portfólios – de projetos e de programas – mesmo que saibamos, por princípio, que qualquer projeto implementa mudanças no negócio.


APRENDENDO COM AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS
Seguindo o processo descrito acima, aprendo com as experiências vividas, com as dificuldades encontradas, com as minhas soluções (ou não) para os problemas encontrados, com as soluções de outras pessoas, com comentários feitos pela equipe ou pelo cliente ao final do projeto, somados a outros comentários obtidos quando compartilho informalmente (e eticamente, claro) os “casos” com colegas de profissão.

A minha análise e avaliação das lições aprendidas nunca para e é incrementada com pontos de vista diferentes, insights e ideias boas que acabam surgindo deste processo contínuo de aprimoramento pessoal e profissional. Neste processo, as constatações, os aprendizados e as ideias se renovam, mesmo anos depois da conclusão de um projeto.

Foi através de bate papo informal que acabou ficando muito claro, para mim, a ideia de que qualquer estratégia de mudança e inovação, adotada por qualquer empresa, só dá certo se a base dos seus profissionais for envolvida na sua construção.

Acredito que o planejamento e a execução estruturada das ações de aprimoramento ou alavancagem de resultados, alcançados por meio da melhoria ou da transformação dos serviços que são oferecidos – de uma equipe para outra, ou das equipes para os seus clientes – ajudam a edificar a base que ampara o crescimento sustentável das empresas.

Quando bem pensados, os “Programas de Melhoria Contínua”, “Planos Estratégicos”, “Planos de Ação”, “Planos de transformação”, “Planos Diretores”, “Planos de Orçamento” ou qualquer outro título que possamos dar para estes registros/instrumentos, estimulam em todos os “pertencentes” à empresa, as atitudes e os comportamentos de mudança que resultam em inovações e transformações verdadeiramente orientadas aos resultados do negócio.

QUEM PODE INOVAR É QUEM SENTE
Mas para que a transformação aconteça, é importante que exista engajamento das pessoas. A construção do sentimento de pertencer e fazer parte da estratégia da empresa é fundamental. É preciso haver participação efetiva de todos na mudança. O envolvimento dos donos, dos sócios, das famílias, quando a empresa for familiar, dos líderes das áreas e até de ex-colaboradores é fundamental. Cada um deve saber sua responsabilidade e deve sentir-se pertencente ao processo de mudança.

A transformação dos negócios pode ser feita por meio de estruturas ágeis e descentralizadas, ou robustas e centralizadas, tanto faz. O importante é que elas se encaixem nas necessidades e nas possibilidades da empresa. Com matrizes de responsabilidade e processos definidos, ou não, com catálogos de serviço ou nos acordos de corredor! Com Business Canvas, SLAs (Service Level Agreements), contratos internos, contratos com fornecedores, product backlogs ou qualquer instrumento que melhor se adapte à maturidade e à cultura da organização…

Conhecer e compreender todos os instrumentos que auxiliam na mudança pode ajudar bastante. Porém, eles são só ferramentas do processo de mudança/evolução. O sucesso, mesmo, vai sempre depender da contribuição valiosa que as equipes que vivenciam as operações da empresa tem para dar. Falo aqui das equipes que operam o negócio, das Equipes de Tecnologia, das Equipes Técnicas, que executam os processos de negócio, dos Recursos Humanos e, só depois, das suas lideranças hierárquicas.

Da análise dos meus projetos e das muitas conversas informais que tive na minha caminhada profissional, concluí que quem realmente pode inovar é quem sente, e só quem sente, de perto, no dia a dia, as dificuldades dos processos e serviços vigentes. Afinal de contas, é possível propor boas ideias apenas quando se conhece bem as necessidades mais prementes.

EMPRESAS E PROFISSIONAIS BEM SUCEDIDOS TEM MAIS DIFICULDADE DE MUDAR
Isso talvez explique porque são justamente as pessoas e empresas de sucesso, que mais dificuldade têm para mudar. Afinal, quando se tem sucesso e bons resultados, as dificuldades do dia a dia ficam menos perceptíveis. Também explica porquê as empresas que realmente obtiveram valor e conseguiram mudar a forma que enxergavam e usavam a tecnologia, fizeram isso iniciando pela construção de uma base sólida de relacionamento entre especialistas de tecnologia, recursos humanos e outras áreas do negócio. Se os problemas não vêm a tona, não há pressão para fazer diferente.

Para isso é preciso usar ferramentas e práticas que auxiliem a diferenciar aquilo que representa sucesso, e bom resultado, daquilo que fornece capacidade para os negócios – e para as carreiras – crescerem e se sustentarem.

TODA EMPRESA QUER CRESCER E PRECISA SER SUSTENTÁVEL
Toda empresa quer crescer. Muito se fala em foco no cliente e isto é um começo. Na teoria, isso significa levar oportunidades para os clientes do negócio por meio de produtos, serviços e soluções. Porém, é preciso fazer isso sempre de modo sustentável e a inovação feita através da mudança na forma que sempre fazemos as coisas é essencial para construir esse caminho.

Boas práticas como o Outplacement, a demissão humanizada, a avaliação de fornecedores, diversas metodologias, responsabilidade social, “paperless“, abordagens inovadoras ou tradicionais de gestão, business cases, casos de sucesso, canvas, guias de referência, bibliotecas de processos, tendências como a inteligência artificial, os equipamentos autônomos, as nanotecnologia, as impressoras 3D, 4D, a internet das coisas, a exigência de controles, a adoção de normas técnicas, a adoção de padrões, as leis, as regulamentações… estão aí para impulsionar a empresa para a mudança e para promover a evolução dos negócios. Mas está claro, para mim, que diante de toda essa fartura, para que se tenha mesmo sucesso, dois caminhos precisam ser pavimentados:

1) A transformação, e a mudança, na forma com que o negócio define e enxerga a sua estratégia. Em conjunto com…
2) …a implementação de mudanças na forma que a estratégia e as suas ações estruturantes são executadas.

Reflita também! Estando na base ou no topo da pirâmide empresarial, o seu engajamento é fundamental para o sucesso da organização onde você escolheu “investir o seu tempo” e trabalhar. Implemente, crie, adote atitudes e use instrumentos que impulsionem, puxem e evidenciem a necessidade de mudar, que aumentam as suas chances de satisfação profissional e a probabilidade de sucesso da sua organização.

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